quinta-feira, 29 de setembro de 2011

É para RiR mesmo!

Quem entendeu a configuração do verbo "rir", sabe do que falo.

O que vem a ser esse festival de música que está rolando lá no Rio de Janeiro? Rock in Rio? Da sigla que alguns órgãos de imprensa (e também usuários no Twitter) utilizam como "RiR"? Credo. Isso me faz lembrar de um bordão que adoro repetir: faz-me rir! Porque, na verdade, é de chorar.
E eu que pensava, inocentemente, dez anos atrás, que esse festival havia quebrado todos os recordes de atrações ruins, péssimas ou foras de contexto. Ledo engano. Primeiro porque os geniais organizadores tiveram a pachorra de utilizar a "grife Rock in Rio" a fim de levar o festival para o exterior – vide as edições do Rock in Rio Madri e Rock in Rio Lisboa; daqui a pouco será Rock in Rio Varsóvia, Rock in Rio Sarajevo, Rock in Rio Vladivostok...; segundo porque, ao utilizar a marca para os gringos, acabou com o "conceito" do evento (se é que teve conceito algum dia).
Em 2001 vieram petardos da música como Five, Britney Spears, Carlinhos Brown e outros que nem me lembro mais (ainda bem). Dez anos depois, com o público ansiosíssimo por uma nova edição da bagaça, eis o anúncio dos artistas presentes: Rihanna, Shakira, Claudia Leitte, NX Zero, Guns 'n' Roses (cachorro morto), entre outras coisinhas... Socorro! Nem os ditos "rock" se salvam, exceto pelo Motörhead (imutável, porém certeiro, sempre) e System of a Down. Não elenco o Metallica porque ele me dá sono hoje em dia.
A grata surpresa que tive dessa turma foi de sábado passado (24), no show do Snow Patrol. Achava-os bem  sem gracinha nos clipes e áudios, mas me surpreenderam ao vivo. Como estava sem sono, resolvi assistir ao começo da apresentação dos Chili Peppers. Estava mega apreensiva, pois, na última edição por aqui, achei uma droga. Nem a famosa "cozinha" salvou. Normalmente eles não são lá aquelas coisas ao vivo. Desta vez, a "cozinha" cozinhou, e muito bem; e constatei mais uma vez que o Anthony Kiedis é fraquinho fora do estúdio.
Como o evento ainda não acabou, aguardarei "ansiosamente" os próximos shows que acontecerão. Depois eu digo o que achei, ou não. Mas creio que as próximas edições em Varsóvia ou Vladivostok serão muito mais rock and roll, animadas e supercontextualizadas (#nãomesmo). Aham, "faz-me RiR"!

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

A árdua tarefa de refletir sobre a crendice

Desde hoje cedo estou pensando num assunto que é intrigante e árduo, pois lida com crenças pessoais – e crenças é algo que deve ser muitíssimo respeitado. Portanto, a partir de agora, vou tentar medir o máximo possível as palavras que escreverei.
Sempre que tomo meu café da manhã antes de ir ao batente, ligo a televisão. E, "zapeando" pelos canais, parei na Globo, que estava transmitindo o programa da Ana Maria Braga (aff, não gosto dela, apesar de ela falar muito bem ao povão, mesmo querendo dar uma de rica, mas isto não vem ao caso). O tema daquela hora eu não tenho muita certeza, mas provavelmente era "vida após a morte". Fiz a conexão porque a entrevistada que tomava café com a Ana Maria Braga era a Zíbia Gasparetto.
Só de ver aquela mulher, tenho urticária. Sei lá, sempre a achei com um perfil tão picareta... Daí, vem meu questionamento: por que os títulos dessa mulher vendem tanto? Por que o brasileiro, em geral, tem fascínio pelo tema espíritos, vidas passadas, carma etc.? Por que endeusam Chico Xavier, Zíbia Gasparetto, entre outros? Confesso que não entendo, mas gostaria muito de entender. Primeiro, porque o projeto editorial dos livros dela são de muito mau gosto, com fontes enormes (talvez para não cansar seus leitores), diagramação péssima e capas piores ainda. Ainda bem que tem revisão! Porque, se não tivesse, o livro seria publicado da forma como os tais espíritos "falam" com ela. Eu me sentiria ofendida em comprar um livro com o assunto o qual gosto desta forma.
Ah, esse lance de espírito "falar", "se comunicar" com os entes queridos, de mandar uma mensagem para a humanidade não me convence. Já tentaram me persuadir sobre este assunto, mas não consigo entender como o pessoal cai nessa. A dor da perda, os problemas cotidianos, familiares e profissionais, claro, fazem com que o indivíduo busque algo que o conforte. Agora, ir até um "médium" para que ele psicografe uma mensagem do pai, da mãe, do irmão, do marido, é um pouco demais. Tantas pessoas nascem e morrem todos os dias, como esses médiuns fazem a tal conexão com o espírito da pessoa certa? Como os tais espíritos sabem que aquele cara é um médium que psicografa mensagens do além? É fantasia demais para minha "cabeça-dura".
Uma vez, numa conversa, o assunto calhou. A pessoa com quem conversava é adepta do espiritismo e tal. Eu disse a ela que não acreditava, que, para mim, as coisas têm de ser provadas por A+B. Na hora, ela me disse que estava sentindo arrepios porque o "espírito da resistência" que me acompanhava não me deixava acreditar no que ela me dizia. Como assim "espírito da resistência"?  Bom, escutei tudo a respeito do tema, porque sou polida.
Há alguns anos, estava supermal por ter abandonado uma faculdade que tinha ralado tanto para entrar. Só cursei um semestre, detestei o curso, a cidade, as pessoas, enfim; vi que aquilo não era pra mim (e foi a melhor coisa que fiz na vida), voltei pra São Paulo, sem perspectivas, triste, muito triste, a ponto de não fazer mais nada do que gostava. Nisso, outra pessoa veio conversar comigo, toda solícita, perguntar do motivo de eu estar daquele jeito. Contei. E o que ela disse? "O que você tem é obra do inimigo." Olhei para ela com uma cara de "cale a boca, vá a merda". Nunca mais ela veio com esse papo. O que eu tinha era frustração, isso sim. Logo percebi o que gostava e foi uma das melhores coisas que escolhi. Desde pequena ouço essa ladainha de "capeta", "inimigo", e é de uma alienação gigantesca! Deus e o diabo são figuras alegóricas. Simplesmente não existem para mim. Deus e o diabo são, simplesmente, o lado bom e o lado ruim do ser humano. Acredito que as religiões provocaram (e ainda provocam) os maiores males da humanidade - guerras, epidemias, intolerância etc.
Não suporto alienação. Até admiro a fé que as pessoas têm na busca por algo. Só que eu não tenho fé em Deus (que não acredito da forma como a maioria acredita), nem em Buda, nem em Alá, em nenhuma personificação. Pode parecer pretensioso e arrogante, mas eu tenho fé em mim. E também acredito na força de vontade e determinação das pessoas (óbvio que para o bem). Quando me perguntar o que sou, digo que sou agnóstica que curte lê horóscopo, numerologia, grafologia e que gosta de conhecer mitos. Sempre detestei o tradicional, mesmo tendo sido educada para ser aquelas moças que andam de saias compridas e que são doutrinadas a interpretar a Bíblia de forma deturpada. A Bíblia nada mais é que um compêndio de contos fantásticos. Só.
Tenho amigos e conhecidos que leem esta viagem de blog que têm suas crenças e alguns fazem parte dos segmentos que citei. Não quero, de forma alguma, desmerecer a fé de ninguém, pois sei que ela é um alicerce na vida de muitos. Só quero expressar uma opinião que, infelizmente ainda, é motivo de depreciação. Não sou uma tresloucada e sem noção só porque não sigo o que a maioria segue. Pelo contrário.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Por falar em shows...

Hoje estou musical. Talvez por causa da autobiografia do Lobão (hilária e que está me acompanhando nas minhas longas idas e vindas de casa para o trabalho e vice-versa), cheia de referências, eu esteja refletindo sobre as minhas referências musicais – muito parecidas com as dele, diga-se de passagem.
Todo mundo se lembra do primeiro show. Se não me engano, no livro, o primeiro show que ele assistiu foi o do Mutantes. O meu, logo de cara, foi do Yes. Tinha 15 anos e sedenta em descobrir o rock'n'roll que havia chegado em minha vida mais ou menos no ano anterior. Não fazia muita ideia do que vinha a ser a banda, exceto por "Owner of a lonely heart", que só fui reconhecer no dia da apresentação. O local era o não-existe-mais Olympia. Era só pegar um ônibus, e pronto! Estava em frente ao local onde passava todos os dias no caminho para o colégio. Não me lembro exatamente como descolei a grana para ir ao show, pois só tinha 15 anos e mal aprendido a arte de sair de casa para me divertir.
Enfim, o show. A plateia era composta por "tiozinhos" sozinhos ou com seus filhos adolescentes. Eu era uma das poucas meninas - e sozinhas. Começou. O que que era aquele baixinho vestido com bata amarela e branca cantando com uma harpinha à mão? E aquele velhinho tocando banjo divinamente? E aquele mundo de teclados? Eram, respectivamente, o Jon Anderson, o Steve Howe e um dos vários tecladistas que passaram pela banda após o semideus Rick Wakeman. Não conhecia nenhuma das músicas, mas prestava atenção em cada detalhe e, ao final, eles tocaram a música que eu conhecia: "Owner of a lonely heart". Saí do Olympia feliz e embasbacada, apesar de não ter conhecido a banda nos tempos áureos (por motivos óbvios).
A partir daí, cada grana que eu arranjava, ia em algum show. Outro que não me esqueço, por incrível que pareça, foi um do Capital Inicial e Ira! juntos no ginásio do Ibirapuera. Ambos estavam no auge e o ginásio, abarrotado. Acho que foi o segundo show que mais suei até hoje depois do Rammstein.
Fazendo as contas, perdi quantas vezes vi shows bacanas. Destacando os estrangeiros, vi Deep Purple, The Hellacopters (será que ainda existe? Era bem bacana), Pearl Jam, Iron Maiden, Motörhead, R.E.M., Bon Jovi, Rush (fui nas duas vezes aqui em SP), Kraftwerk (um dos favoritos), Iggy Pop e os Stooges, Sonic Youth, Flaming Lips, Placebo, Ozzy Osbourne (aqui e na Alemanha), Rammstein, além, claro, dos que vi lá em Munique: Depeche Mode, Neil Young e Bruce Springsteen (esses não vêm pra cá mesmo, que coisa!). Falando em Bruce Springsteen, assisti seu "concerto" num estádio olímpico lotado e com os alemães cantando a plenos pulmões. O cara tocou por 3 horas seguidas e fez jus à fama com sua excelente Street Band. Minha fala era, do começo ao fim, "puta que pariu". Já o Neil Young, um tiozão grandalhão desengonçado com seu jeitão antissocial e, ao mesmo tempo, fofo, com suas belas canções meio folk, meio rock. Ah, destaco que fui na maioria dessas apresentações sozinhas (para uma mulher, nesta cidade, é um tanto perigoso) e não tenho problema nenhum. Nos dois que irei, provavelmente eu vá só: System of a Down e Eric Clapton. Como é difícil encontrar algum companheiro shows de rock/metal/sei lá, ainda mais agora, em que os preços vão à estratosfera!
Para o System of a Down estou naquela expectativa. Tomara que seja um daqueles shows de levantar poeira (já que vai ser na tal da Chácara do Jockey)!
Hoje, pela primeira vez (e com muita vergonha digo isto), ouvi o Roots, do Sepultura, integralmente. É bem aquilo que eu sempre ouvi e li - é excelente! Eu já vi o Sepultura, só que com o Derrick. Na segunda-feira ouvi uma coletânea do Violeta de Outono e gostei bastante. Confesso que estava com os dois pés atrás, sei lá, "rock progressivo, em português, hum, sei não"... Ainda bem que nos enganamos certas vezes!
Em 2001, vacilei em deixar de ir ao Rock in Rio para ver o Neil Young, o R.E.M., o Iron Maiden (que acabei assistindo depois) e o Silverchair (eu adorava), achando que estava muito "pop" (por causa de umas misturas que fizeram, Carlinhos Brown no dia do Guns'n'Roses, entre outras). Se aquilo era pop, o que vai rolar no final deste mês é o quê? Melhor nem dizer...

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Porrada!

Agora que repare, faz tempo que não posto nada por aqui! É que me faltou tempo e, confesso, assunto. :P

O link em seguida é de uma opinião a respeito do famigerado e popularíssimo UFC. Concordo plenamente com o que ele diz, pena que ele não se aprofundou mais no tema.

http://www.meioemensagem.com.br/home/comunicacao/ponto_de_vista/20110905Metendo-porrada-no-UFC.html

Esse esporte, misto de um monte de lutas, me faz lembrar das aulas de História sobre a Roma Antiga, com seus gladiadores, e seu povo, na época do que ficou conhecido como "pão e circo".

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

A banalização da pós

Há algum tempo (não me lembro quando) li um artigo de um professor universitário sobre a disseminação dos cursos de pós-graduação no Brasil. Em um certo ponto do texto, ele menciona a expressão "banalização da pós-graduação". À primeira leitura, achei um pouco radical essa linha de pensamento, porém, agora, tenho de concordar com o professor.
Não vou ficar deliberando sobre o grave problema que é a educação no nosso país, nem quero dar soluções mirabolantes porque não sou pedagoga, há muito tempo não entro numa sala de aula para lecionar e tampouco estou frequentando as aulas de licenciatura da Faculdade de Educação. Todos sabem que o problema vem da educação básica e vem se arrastando até o ensino superior, inclusive a pós-graduação.
É digno de nota o aumento de alunos no ensino superior, bem como o de instituições, tanto do setor público quanto do privado. Contudo, devido a esse aumento, houve uma proliferação de instituições que não são reconhecidas pelo MEC e que formam profissionais de capacidade praticamente nula. Pessoas que acreditaram piamente nessas "faculdades" e, agora, amarguram no desemprego ou no subemprego. A formação superior na maioria das faculdades brasileiras é deficiente e mercenária. Aqui funciona o esquema do "pagou, passou". Paga-se para entrar na faculdade, paga-se a mensalidade, paga-se a rematrícula, a prova de recuperação, a prova substitutiva...
O mais grave é que as instituições privadas - que deveriam dar melhores condições de infraestrutura, de corpo docente e de ensino - são as que menos contribuem para a formação dos alunos. Logo elas, que se direcionam estritamente para o mercado (business, business, business) em detrimento da pesquisa e do pensamento humanista. Já que "focam" tanto o mercado, deveriam dar todo o suporte aos alunos, que buscam uma luz ao sol do mundo do trabalho. A graduação anda tão mal das pernas que, em qualquer área, vejo pessoas se matriculando em cursos de pós-graduação. O problema é que essas "faculdades" (e os alunos também) estão fazendo da pós um mero curso de extensão, e não é. Teoricamente, deve-se ter um projeto de pesquisa, um aprofundamento teórico da área com um professor orientador (mesmo em cursos lato sensu) - coisa que não existe na maioria desses cursos. Não existe a liberdade de se escolher, dentro desses cursos, as matérias que são feitas, os professores e a linha de pesquisa do famigerado TCC. E as pessoas, ingênuas, se orgulham disso: "Ah, eu faço pós". Tá, em quê? Qual o objetivo? "É que a empresa está me pedindo", "Ah, meu chefe mandou". Elas são iludidas desde o início da graduação, achando que terão aquele emprego com aquele salário.
Faço parte da turma que está fazendo a tão falada "pós". Claro que meu objetivo e meu interesse são outros; não sigo muito a linha mercadológica, no entanto, não sou estritamente acadêmica. E me entristece o rumo que o ensino de pós-graduação está tomando: falta pesquisa, falta pensamento, falta indagação, falta discussão. Tudo é mercado, mercado, mercado. Muitos nem sabem resumir um texto, quiçá redigir um bom trabalho de TCC com viés crítico. Além do rumo torto, me entristece também a ilusão de quem acredita que a pós (em instituições ruins, claro) salvará seu emprego ou dará "o" emprego. Pena.   

Cinzas do Norte

Há alguns dias pedi dicas de autores brasileiros contemporâneos. O primeiro foi o Bernardo Carvalho, com O filho da mãe. Entrou na lista dos favoritos. Outra sugestão (obrigada, Sônia!) foi o Milton Hatoum. Quando entrei na graduação, foi na época do lançamento de Cinzas do Norte e ouvia muito seu respeito.

Sempre ficava na dúvida se lia este ou Dois irmãos, outra obra de Hatoum. Comecei bem, pois a história me pegou duma maneira, que não conseguia largar do livro e li muito rápido (inédito, diga-se de passagem)! Achei o enredo bem romanesco, porém sem ser piegas. O que mais me chamou a atenção na obra é o retrato de Manaus, do Amazonas (terra natal do autor), algo inédito para mim, pois sempre se lê coisas ou sobre São Paulo, ou sobre o Rio ou, no máximo, sobre a Bahia e o Rio Grande do Sul.
O próximo da lista, claro, é o Dois irmãos.


Segue o link com o resumo da obra: http://www.companhiadasletras.com.br/detalhe.php?codigo=80165