segunda-feira, 19 de setembro de 2011

A árdua tarefa de refletir sobre a crendice

Desde hoje cedo estou pensando num assunto que é intrigante e árduo, pois lida com crenças pessoais – e crenças é algo que deve ser muitíssimo respeitado. Portanto, a partir de agora, vou tentar medir o máximo possível as palavras que escreverei.
Sempre que tomo meu café da manhã antes de ir ao batente, ligo a televisão. E, "zapeando" pelos canais, parei na Globo, que estava transmitindo o programa da Ana Maria Braga (aff, não gosto dela, apesar de ela falar muito bem ao povão, mesmo querendo dar uma de rica, mas isto não vem ao caso). O tema daquela hora eu não tenho muita certeza, mas provavelmente era "vida após a morte". Fiz a conexão porque a entrevistada que tomava café com a Ana Maria Braga era a Zíbia Gasparetto.
Só de ver aquela mulher, tenho urticária. Sei lá, sempre a achei com um perfil tão picareta... Daí, vem meu questionamento: por que os títulos dessa mulher vendem tanto? Por que o brasileiro, em geral, tem fascínio pelo tema espíritos, vidas passadas, carma etc.? Por que endeusam Chico Xavier, Zíbia Gasparetto, entre outros? Confesso que não entendo, mas gostaria muito de entender. Primeiro, porque o projeto editorial dos livros dela são de muito mau gosto, com fontes enormes (talvez para não cansar seus leitores), diagramação péssima e capas piores ainda. Ainda bem que tem revisão! Porque, se não tivesse, o livro seria publicado da forma como os tais espíritos "falam" com ela. Eu me sentiria ofendida em comprar um livro com o assunto o qual gosto desta forma.
Ah, esse lance de espírito "falar", "se comunicar" com os entes queridos, de mandar uma mensagem para a humanidade não me convence. Já tentaram me persuadir sobre este assunto, mas não consigo entender como o pessoal cai nessa. A dor da perda, os problemas cotidianos, familiares e profissionais, claro, fazem com que o indivíduo busque algo que o conforte. Agora, ir até um "médium" para que ele psicografe uma mensagem do pai, da mãe, do irmão, do marido, é um pouco demais. Tantas pessoas nascem e morrem todos os dias, como esses médiuns fazem a tal conexão com o espírito da pessoa certa? Como os tais espíritos sabem que aquele cara é um médium que psicografa mensagens do além? É fantasia demais para minha "cabeça-dura".
Uma vez, numa conversa, o assunto calhou. A pessoa com quem conversava é adepta do espiritismo e tal. Eu disse a ela que não acreditava, que, para mim, as coisas têm de ser provadas por A+B. Na hora, ela me disse que estava sentindo arrepios porque o "espírito da resistência" que me acompanhava não me deixava acreditar no que ela me dizia. Como assim "espírito da resistência"?  Bom, escutei tudo a respeito do tema, porque sou polida.
Há alguns anos, estava supermal por ter abandonado uma faculdade que tinha ralado tanto para entrar. Só cursei um semestre, detestei o curso, a cidade, as pessoas, enfim; vi que aquilo não era pra mim (e foi a melhor coisa que fiz na vida), voltei pra São Paulo, sem perspectivas, triste, muito triste, a ponto de não fazer mais nada do que gostava. Nisso, outra pessoa veio conversar comigo, toda solícita, perguntar do motivo de eu estar daquele jeito. Contei. E o que ela disse? "O que você tem é obra do inimigo." Olhei para ela com uma cara de "cale a boca, vá a merda". Nunca mais ela veio com esse papo. O que eu tinha era frustração, isso sim. Logo percebi o que gostava e foi uma das melhores coisas que escolhi. Desde pequena ouço essa ladainha de "capeta", "inimigo", e é de uma alienação gigantesca! Deus e o diabo são figuras alegóricas. Simplesmente não existem para mim. Deus e o diabo são, simplesmente, o lado bom e o lado ruim do ser humano. Acredito que as religiões provocaram (e ainda provocam) os maiores males da humanidade - guerras, epidemias, intolerância etc.
Não suporto alienação. Até admiro a fé que as pessoas têm na busca por algo. Só que eu não tenho fé em Deus (que não acredito da forma como a maioria acredita), nem em Buda, nem em Alá, em nenhuma personificação. Pode parecer pretensioso e arrogante, mas eu tenho fé em mim. E também acredito na força de vontade e determinação das pessoas (óbvio que para o bem). Quando me perguntar o que sou, digo que sou agnóstica que curte lê horóscopo, numerologia, grafologia e que gosta de conhecer mitos. Sempre detestei o tradicional, mesmo tendo sido educada para ser aquelas moças que andam de saias compridas e que são doutrinadas a interpretar a Bíblia de forma deturpada. A Bíblia nada mais é que um compêndio de contos fantásticos. Só.
Tenho amigos e conhecidos que leem esta viagem de blog que têm suas crenças e alguns fazem parte dos segmentos que citei. Não quero, de forma alguma, desmerecer a fé de ninguém, pois sei que ela é um alicerce na vida de muitos. Só quero expressar uma opinião que, infelizmente ainda, é motivo de depreciação. Não sou uma tresloucada e sem noção só porque não sigo o que a maioria segue. Pelo contrário.

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