segunda-feira, 9 de abril de 2012

Temporada de bons filmes

O fim de março e o começo deste mês de abril estão com boas estreias nos cinemas. Não sou especialista no assunto – e acho que a maioria dos "especialistas" em cinema um porre –, mas deixo minhas recomendações para meus amigos (daqui e de fora). Dann, let's go (por ordem de "assistir"):

1. Raul - o início, o fim e o meio  - de Walter Carvalho
Quem me conhece sabe que eu não suporto as músicas do Raul Seixas. Depois desse documentário, passei a detestá-las mais ainda, como também a persona do "Raulzito". Nunca gostei da figura dele (sei lá, o aspecto feioso e nojento), e a lembrança da mídia bombardeando no dia de sua morte é bem forte.Porém, muito porém, o documentário é muito, muito bom! A direção é bem cuidadosa com os temas sobre a trajetória do cara e na escolha dos entrevistados, que dão depoimentos emocionantes. Para quem é fã, o filme só confirma aquilo que se sabe de sua vida; para quem não é, como eu, também não traz muitas surpresas, mas a força do tom emocional e realista do documentário ganha quem o assiste.




2. Um método perigoso - de David Cronenberg
É meio que o contraponto de um filme chamado Jornada da Alma. O diretor canadense conta a história mais do que conhecida do relacionamento entre os colegas de psicanálise (e de tutoria, por que não?) Sigmund Freud e Carl Gustav Jung e do relacionamento que este teve com sua paciente (e futura colega) Sabina Spielrein. Para quem assistiu ao "Jornada", "Um método" é mais voltado à relação entre Jung e Freud, do início à ruptura. Digo que gostei mais do "Método" do que da "Jornada", pois aquele trata com mais fidelidade a relação de tutoria entre Freud e Jung; o "Jornada" trata essencialmente do caso de Jung com Sabina.
O trio de atores estão bem, principalmente o segundo "bola da vez" ( o primeiro, dizem, é o tal do Ryan Gosling, que pra mim é X), o cara de Heidelberg, Michael Fassbender (que fez Bastardos Inglórios, do Tarantino), no papel de Jung. Freud é o Viggo "Aragon" Mortensen (eu acho ele tão bom ator, pena que é lembrado por ter feito Senhor dos Anéis), esquisito de lentes escuras, mas só. E Sabina é a Keira Knightley, que também manda bem, mas desconheço seus papéis. Para quem é leigo em psicologia, é um bom filme para entender certos aspectos dessa ciência. E, desta vez, Cronenberg fez um filme certinho, linear, nada comparado ao Marcas da Violência, por exemplo.




3. Xingu - de Cao Hamburger
Mais aguardado que noiva no altar. Pelo menos para mim, haha. Acho que não estou exagerando, pois semana passada só se falou nisso nos cadernos de jornal e sites de cinema. Tanto que fui na estreia, sexta-feira passada. Peguei fila na bilheteria e sala de exibição cheia. Bacana.
Para quem não conhece (principalmente os amigos que moram fora), o enredo trata da saga dos irmãos Villas-Boas (Orlando, Cláudio e Leonardo) na expedição de desbravamento do Centro-Oeste brasileiro que encontra os índios da tribo X, que, por sua vez, encontra os da tribo Y, Z etc., que nunca tiveram contato com o branco. Os irmãos veem a situação dos índios se complicarem por conta do "avanço" das estradas brasileiras e das fronteiras agrícolas vindas com os sulistas e resolvem criar um enorme "Estado" de tribos indígenas, o hoje conhecido Parque Indígena do Xingu. Houve muitos percalços na idealização e na concretização do parque, inaugurado em 1961 no governo de Jânio Quadros.
Pessoalmente, é um filme que muito brasileiro tem que conhecer. Conhecer não só a história recente do País, como também a situação da causa indígena e o idealismo dos grandes brasileiros Villas-Boas. Espero que tenha boa bilheteria, pois o elenco é ótimo (e chama a atenção, pois é composta por atores globais, exceto o João Miguel, que é mais do cinema, e que faz o papel principal) e a carga épica do filme prende a atenção do espectador.

#ficaadica

Primeira vez que não esquecemos

Como dizem por aí, a primeira vez "a gente nunca esquece". E não mesmo.
Segunda-feira passada, dia 02/04, fiz minha primeira participação num evento acadêmico desde que entrei no mestrado. Era um simpósio da área de estudos interculturais (grupo de pesquisa do qual faço parte) na Universidade Federal Fluminense (UFF), em Niterói/RJ. O evento fora marcado desde o final do ano passado, portanto, quando a data se aproximou, o frio na barriga, a aceleração do coração e a tremedeira começaram uns dias antes. Engraçado que estava mais ansiosa pelo fato de garantir as passagens, a hospedagem e a data de retorno a SP. Em relação à apresentação em si, até que estava tranquila - por incrível que parecesse!
A viagem foi tranquila (porém longa, pois sou peão e fui de ônibus!), na companhia de dois colegas de pós, e agradável. A apresentação correu bem, falei em seguida da minha orientadora, e o tema de minha pesquisa gerou um pequeno debate no final do horário de nosso grupo. Confesso que me senti um pouco intimidada diante as perguntas dos professores de outras universidades que estavam presentes, até porque era minha primeira vez em evento de pós-graduação e fora de SP, mas devo ter respondido o mínimo a eles! Houve um momento em que minha orientadora me "socorreu", inclusive.
Mas reparei em algo que não vejo muito por esse lado esquerdo da Via Dutra: a descontração e o despojamento dos professores da UFF e de Minas Gerais. Pessoas muito simpáticas e cordiais, nada arrogantes, que nos deixaram à vontade no dia do evento, nos acompanharam no almoço, e nos (pelo menos para mim) deram dicas importantes a respeito de nossos trabalhos. Coisa que falta por aqui. Aliás, são coisas que a Universidade de São Paulo deveria aprender.
Na semana que vem terei outra apresentação de meu trabalho. Desta vez, na própria USP, no Encontro de Pós-Graduação em Estudos Discursivos (EPED). Confesso que estou muito mais apreensiva para o EPED do que para o GIEL. A artilharia será mais pesada.
Enfim, que venha o EPED!