sexta-feira, 22 de junho de 2012

Multiculturalismo

Adoro torneios que envolvem muitos países. Vale Copa do Mundo, Olimpíada, Pan-Americano. A minha febre do momento é a Eurocopa, que está rolando lá na Polônia e na Ucrânia. Me pergunto o porquê de ser em países tão distintos e distantes. Sei lá, poderia ser na Polônia/República Tcheca ou Ucrânia/Bulgária ou na Polônia somente. Penso mais pela questão da proximidade mesmo. Vai entender essa escolha da organização do Michel Platini. Enfim, isso não vem ao caso.

O que vem ao caso, na verdade, é a sensação que os jogos entre os países europeus provoca. Me admiro demais com a forma na qual as partidas são organizadas, com a técnica dos times (e disso não entendo muita coisa), entre outras coisas. Mas o que me admira realmente é a paixão com que jogadores e torcidas encaram esse torneio. Porém, é uma paixão que não é burra. Uma paixão respeitosa. Se o time ganha, claro, a torcida vibra. Se ele perde, a torcida o aplaude, sai do estádio de cabeça baixa, vai pra sua casa e, no dia seguinte, sua vida segue o rumo normal. Já sabemos muito bem o que acontece por aqui, mesmo com um time ganhando ou perdendo. Sem comentários.
 
Percebo essa paixão na forma como a torcida se comporta no estádio e na forma como empurra o time de seu país. Já pelo time percebo um respeito ao país pelo qual está representando. Na execução dos hinos nacionais, ou vejo alguém cantando com fervor ou numa postura muito séria para com o momento. Ou até mesmo o time todo abraçado, como se vê na seleção alemã. Acho isso muito bonito, de verdade. Vemos isso com os jogadores brasileiros? Bom, a começar que muitos mal sabem a letra do nosso hino nacional...
Além dessa postura dos times europeus, algo muito interessante vem me chamando a atenção nesse campeonato: a diversidade étnica dos jogadores. Até alguns anos atrás, era impensável ver jogadores de origem africana, árabe, até mesmo brasileira em seleções europeias. Em times locais isso sempre foi presente, porém, nas seleções? Isso é claramente o retrato de um continente multicultural, onde é possível, sim, construir uma vida fora de sua terra natal.

Para exemplificar, nos times de Portugal e Croácia (hein?!) há brasileiros naturalizados; o time francês é composto boa parte por descendentes de argelinos, marroquinos e tunisianos; no inglês, também; no tcheco (fiquei surpresa) há africanos; um dos titulares da Itália também é africano (aí fiquei BEM surpresa); quem são alguns dos titulares da Alemanha? Diz algo nomes como Özil, Khedira, Boateng, Klose e Podolski? São alguns que eu me lembro no momento. Me chamou muita atenção no jogo de hoje entre Alemanha e Grécia a postura dos jogadores da seleção alemã que são de origem estrangeira: eles se abraçam junto aos outros companheiros, porém não cantam o hino nacional. Acredito que seja uma forma respeitosa para com a própria origem. Inclusive há dois irmãos (os Altintop) jogadores na Alemanha que não cantam os hinos de Alemanha e Turquia quando estes se enfrentam, pois eles possuem dupla nacionalidade e podem ser convocados por ambas as seleções.

Além dessa reflexão vinda por meio de jogos de futebol, a matéria de pós-graduação que fiz neste semestre tratava justamente de questões de interculturalidade. A interculturalidade é um estudo um tanto recente de culturas em "choque" num mesmo país ou na comparação entre duas culturas distintas. Tal estudo vem da antropologia, mas agora está ganhando contornos na psicologia social e na linguística, por exemplo. Como eu "nem" me interesso pelo tema, a Euro 2012 está sendo um prato cheio para análises e estudos.

Continuarei acompanhando os jogos com entusiasmo, torcendo para que a Alemanha (que não é mais um time de robôs, que bom) chegue à final!

Quando Nietzsche encontrou Mãe Dinah - parte 2

Devo dizer que ando bastante maleável. Até demais, creio eu.
Quem diria, eu, uma espécie de Nietzsche versão feminina e mais light, ter passado por uma experiência, por assim dizer, xamânica?! Pois é. Digo "por assim dizer" porque xamanismo "true" acontece no meio do mato. Eu não fui para o meio do mato, mas aqui mesmo, em São Paulo.
Fui vencida pelo cansaço  da insistência e pela sensação de desorientação. Quem me conhece sabe que não sou lá adepta a qualquer coisa muito abstrata, que dirá de coisas a serem ingeridas. Porém, ultimamente, talvez devido ao momento, tenho me surpreendido bastante. Eu tomei algo que é chamado de "vegetal", "daime", "ayahuasca". O que posso dizer é: se é um negócio que traz paz e reflexão, que não te prejudica fisicamente, por que não? Se não afeta negativamente ninguém, não vejo mal algum; a não ser quando isso (ou a sensação que qualquer rito traz) faz o sujeito de escravo.
Se isso realmente funcionou ou funciona, eu não tenho a menor ideia. Só posso dizer que não tive aquela sensação de paz, tranquilidade e reflexão tão propagada por quem faz uso dessa bebida. Pelo contrário. Se aquilo fez efeito no meu organismo, trouxe um turbilhão de pensamentos que me assolam neste momento, o que me deixou muito perturbada. Não se vê nada, mas é como se fosse um sonho: você tem a sensação de estar participando de alguma coisa. No meu caso, fiquei muito revoltada e angustiada em "ver" diversos rostos de pessoas com as quais eu trabalhei no último lugar, tanto de quem eu gostava como de quem eu não gostava. Por quê? Mas por que justamente essas pessoas? Fiquei me questionando se isso ainda me afeta. Provavelmente, sim. Em seguida, fui tomada por um turbilhão de pensamentos em relação à tomada de decisões acerca de trabalho e estudo. Parecia uma coisa martelando na minha cabeça: "decisão", "decisão", "decisão". Confesso que fiquei meio desapontada, pois tudo o que eu menos queria pensar naquele momento era em coisas incômodas. Além disso, no dia seguinte, fiquei com uma sensação física péssima, a ponto de não conseguir ver a luz do dia, de tanta dor de cabeça e mal-estar.
Se isso me auxiliar (pelo menos um pouco) mais para a frente nessas questões que me atormentam, ótimo. Se não, foi bom conhecê-lo, mas, parei por aqui. Não gosto de me sentir dependente de nada para buscar minha plenitude.


Outro exemplo de maleabilidade foi eu ter ido a alguém que lê a mão. Sei que o lance se chama quiromancia, mas, e a pessoa que lê a mão é o quê? Maga (o) patalógica (o)? Vou pesquisar.
Eu sempre tive muita curiosidade, apesar de não acreditar. Mas o engraçado é que eu achei interessante essa experiência! Claro que não especifico aqui o que foi dito, mas digo que não foi clichê, não. Aquela coisa de discurso vazio que os trambiqueiros adoram usar, sabe?

Idas a taróloga, pessoa que lê mão, a ritual xamânico... e o que mais?

Sei lá, se coisas desse naipe trazem bem-estar e felicidade momentânea verdadeiros às pessoas, não há mal algum. O lance é procurar ver as coisas de uma forma menos estereotipada.

Nossa, agora me surpreendi com esse último parágrafo. Sério.