domingo, 28 de abril de 2013

Kamikazes


Somos preparados para morrer. Se não caímos numa imensidão de corrente sanguínea, somos barrados por uma espécie de capuz de borracha, ou – o que é pior – somos bloqueados por um escudo gigantesco o qual, ao trombarmos nele, a morte é certa.
Ultimamente ouvimos muito a respeito de um tal de Tâmisa. Certa vez, os mais velhos e já falecidos me disseram que esse era um nome de um rio. Mas o tal do Tâmisa que conhecemos por aqui  há algum tempo é o que forma o escudo de hormônios gigantesco que impede nossa entrada no óvulo da parceira do nosso hospedeiro. O que faz de nosso trabalho extremamente inútil; mas, fazer o quê? Recebemos essa preparação para o suicídio coletivo. 
No entanto,  o que ainda nos alegra é que existem seres humanos que não se utilizam desses métodos para impedir nossa entrada. Alguns utilizam temporariamente, outros, por convicções religiosas, abolem firmemente; o que nos deixa muito contentes, mesmo se morrermos em combate, pois, pelo menos, estamos tentando atingir nosso objetivo.
Eu espero que a minha vez chegue quando a nossa receptora parar de incluir esse Tâmisa na nossa rotina de trabalho. Se não chegar até lá, morro feliz por ter caído na imensidão da corrente sanguínea e ter tentado cumprir o meu papel.


*Ao vasculhar algumas coisas da minha estante, me deparei com a pasta do curso de escrita criativa que fiz em 2011 (parece que fiz na semana passada, tamanha a velocidade do tempo) e encontrei alguns exercícios bem divertidos, como este. Postarei outros que ficaram bem interessantes (nessa leitura atual).