segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Tudo ao mesmo tempo agora?

Final de semana agitado. Bom assim. Resolvi, de repente, que queria fazer um curso de extensão aos sábados. Estava em dúvida se cursaria francês ou algum na área de língua portuguesa. Eu sempre tenho dúvidas quando quero estudar algo. Pois gosto de muita coisa e quero saber tudo. Pedi a opinião do Schatz e dos universitários, e fui à PUC fazer a matrícula. O curso se chama O estudo funcional da gramática: a interface gramática e discurso. Gosto desses títulos de matérias. Soam prepotentes. Melhor fazer um curso de gramática agora, porque sinto que estou um tanto defasada nesse assunto, apesar de lidar com a língua o dia todo. O francês fica para depois. Atualização nunca é demais. E também quero conhecer outros pontos de vista, já que estarei em uma universidade diferente, que tem ideologias e preceitos diferentes da minha. Mesmo sendo formada em Letras, não tive uma aula sequer voltada à gramática, pois, segundo os professores, devemos chegar à faculdade sabendo de todo o conteúdo. Concordo. Mas o mercado está aí e pede a bendita da gramática normativa. Sinto falta de muitos aspectos, por isso, vou fazer o curso. Além da "reciclagem", a palavra de ordem é contato. Com certeza terá algum maluco como eu, que atua na mesma área que eu, com quem farei contato profissional. Ainda mais nessas faculdades particulares, cujo foco é sempre o famigerado mercado.
Às vezes, penso: Será que sou louca? Será que quero tudo ao mesmo tempo agora? Necessidade de estar sempre informada e atualizada? Necessidade de estabelecer contatos a fim de se libertar? Sei lá, talvez algumas ou todas essas coisas juntas. É algo maluco, porque nunca fico satisfeita em saber sobre um só assunto. Gosto de análise do discurso a fofocas sobre celebridades. Qual o problema?
Por falar em análise do discurso, amanhã começam minhas aulas da pós deste semestre. Ainda não entrei no clima. Estou em clima de folga. Tenho preguiça só de pensar que tenho de me locomover até a Cidade Universitária. Detesto aquele lugar. Não consigo entender até hoje como tem gente que ama aquele lugar longínquo e bucólico. Além disso, as aulas que tenho são péssimas, por incrível que pareça. Achava, antes de ingressar no mestrado, que teria as aulas mais “animais” do mundo. Pelo contrário. Sinto falta de algumas aulas dos tempos da graduação. A arrogância e prepotência de alunos e professores eram menores. Agora, a disputa de egos e de quem é o pesquisador mais fodão é algo que me causa náuseas. Gosto muito da vida acadêmica. Tenho objetivos com ela. Mas não quero ficar mofando numa sala com livros. Também gosto dessa coisa de “mercado de trabalho”. Dá uma sensação de vitalidade e disputa. Pretendo conciliar esses dois aspectos, até porque tenho aluguel e contas a pagar e não posso me dar ao luxo de viver de bolsa de estudos. Mesmo porque o valor que pagam é vergonhoso. Prefiro ter a vida maluca que tenho tentando conciliar emprego, universidade e pesquisa. Sei que vou conseguir. Há alguns minutos, vi a nota da disciplina que fiz semestre passado sobre o Bakhtin: A (excelente), com direito a crédito. Fiquei felicíssima, pois o curso foi ruim, o tema foi bem malinha e, além disso, tive de entregar a monografia antes de todos por causa da minha viagem em junho. Com tudo desfavorável, tive essa boa notícia. Agora, só preciso de força para seguir adiante, pois não está fácil. Sei que o tema de minha pesquisa é bacana, mas, ao mesmo tempo, dá um desânimo daqueles só de pensar em colher corpus, fazer as traduções necessárias e analisar os textos. Não sei por que vacilo desse jeito. Tenho que agradecer aos deuses do Olimpo todos os dias por estar numa excelente universidade, pública e gratuita, ter acesso ao conhecimento, porém, sinto-me pressionada – por mim mesma. E a pior pressão é a que vem de nós mesmos. Sinto-me pressionada, contudo, a sensação não é pior do que a de angústia. Angústia profissional. Seria o tal dilema da tão falada “geração Y”, da qual faço parte? Melhor deixar o lamento para uma próxima.

Mudando de assunto: o final de semana foi agitado. Fiz a matrícula no curso, comprei sapatos novos (momento fútil), comprei O filho da mãe, do Bernardo Carvalho (já estou no terceiro capítulo e adorando), comprei garrafas da Weltenburger por R$ 1,99 cada (nem na Alemanha custa isso) e uma de vinho chileno por uma bagatela. Mais tarde encontrei antigos amigos que não via há muito tempo, e foi ótimo. No domingo, houve o lançamento da adaptação de Hamlet em quadrinhos na 1ª Felit (Feira Literária) de São Bernardo do Campo. Claro que fui prestigiar o Schatz e equipe! O bate-papo foi bem produtivo e todos estavam ótimos. Dá orgulho em ver algo pronto depois de tanto trabalho (mesmo eu não tendo participado, só acompanhando, de perto, em casa)! Parabéns a todos!

2 comentários:

  1. Nossa geração globalizada, ávida por mudanças, novidades e agitada por natureza acho que é o motivo dessa sua (que acaba sendo nosso) dúvida. A famosa geração Y... confesso que tenho medo de pensar nas próximas.
    Mas no contexto geral, essas angústias são interessantes... costumo dizer que aquele que é o pior inimigo de si mesmo vira, quase sempre, herói. E pelo visto você tem sido uma ótima adversária para você mesma... de qualquer modo, ganhar ou perder terá um gosto de vitória.

    O bom é ter essa consciência de mobilidade e se prontificar ir em frente!
    =)

    ResponderExcluir
  2. Se nossa geração já está assim, que dirá das outras gerações seguintes? É de se pensar mesmo. Posso dizer que sou uma vitoriosa, mas, como vc disse, sou uma ótima adversária para mim mesma, rs. Penso que é melhor ter tentado e não ter tido a frustração de ter ficado parada, não é? =)

    ResponderExcluir