sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Planos para as férias

Depois de três anos consecutivos sem férias, provavelmente irei viajar no final do ano. Os motivos da ausência de férias, como muitos sabem, foram a minha vida de bolsista de mestrado e a compra do nosso apartamento. Bem que nos disseram que os primeiros anos são de perrengue total para quem financia um imóvel!
Como essa longa fase está ficando "menos pior", resolvemos viajar desta vez. Dane-se. A vida é curta. Depois desses perrengues todos, de perdas de pessoas queridas e do meu diagnóstico de depressão, resolvemos que uma viagem é muito necessária. Mesmo que seja em dezembro, já que nós dois teremos férias (eu, somente férias coletivas, já que comecei no meu atual Arbeit este ano) nessa época. Mesmo com os preços mirabolantes, dependendo do destino. Mesmo com quase todos os lugares apinhados da "família brasileira". Dane-se. Já fizemos isso outras vezes, na mesma época, e foi muito legal. E é nesse ponto que eu refleti hoje.

A primeira coisa que se faz ao planejar as férias é escolher o local. Pois bem. Desta vez, a decisão do local é minha, já que, da outra vez, fomos a Bonito, lugar que ambos queriam conhecer. Faz anos que eu não vou a uma praia decente. A última vez que vi o mar foi em Niterói, em 2012, quando fui a um congresso na UFF, mas isso não conta. Frequentar uma praia, então, foi nos idos de 2007, quando visitei duas primas em Recife. Faz tempo. Logo, faço questão de irmos ao Nordeste, no litoral, para a resistência inicial do marido. Depois de pesquisar, pesquisar e pesquisar (já que a grana ainda anda curta), encontrei a região de Porto Seguro, na Bahia (Cidade que sempre ignorei por achá-la muito brega, pois me lembra aquele destino de formandos do ensino médio, com aquelas camisetas com o nome de todos escrito "Formandos 2014", aquelas barracas que tocam axé e a lambaeróbica rola solta.). Entretanto, Porto Seguro não é feita só disso. Descobri os arredores, como o Arraial D'Ajuda, Prado, Trancoso, Santa Cruz Cabrália, Santo André (onde a seleção alemã ficou hospedada, rá!). Estou chegando à conclusão que o lugar parece ser maravilhoso. Claro que pretendemos ficar em Arraial, pois estamos receosos de trombarmos com tudo isso que acabei de mencionar. Tudo dependerá da disponibilidade e da grana que poderemos desembolsar. Outro ponto importante: grana.

Ao pesquisar as cidades, pousadas, atrações etc., consultei desde o clássico Guia Quatro Rodas (o mais confiável, completo e imparcial, na minha opinião), passando pelos sites oficiais das cidades até os Trip Advisor e Viaje na Viagem da vida. Que coisa mais irritante ler esses dois últimos! Não há coisa mais irritante ler opinião de gente que se intitula "viajante" em vez de "turista", porque fazer turismo é pra povão, é pejorativo, é tosco. "Porque somos descolados, sabemos dos macetes de fugir da muvuca gerada pelas hordas de famílias com crianças e idosos, e não frequentamos os mesmo lugares que eles." Ora, se você é um "viajante" em um lugar desconhecido, você é o quê, cara pálida? Andarilho? Até um andarilho é turista. Preguiça pura. Mesmo assim, continuei em minha busca por recomendações de pousadas. Definitivamente, não dá para confiar nesse tipo de site. É muito subjetivo. As percepções diferem demais. Num mesmo hotel, havia um "excelente, maravilhoso" e outro "horrível, nunca mais piso lá". Em um desses comentários de "horrível", algum "viajante entendidão" escreveu algo como "o hotel estava repleto de gente vinda pela CVC, então ficou aquele horror". Horror é o preconceito embutido no que esse cara escreveu. Qual o problema em escolher uma empresa que organiza viagens para a "massa" e facilita o pagamento das férias dos seus sonhos? Por que é popular? Eu já viajei duas vezes por meio dela e não houve problema algum, pelo contrário. Não havia ninguém "povão", no sentido pejorativo, mas sim uma galera ordinary people, como eu, como você, que rala, só consegue tirar as férias em dezembro ou janeiro e acaba pagando mais caro por isso. Mas também já encontrei pessoas endinheiradas, estrangeiros, solitários, de tudo um pouco - oque tornou as duas viagens (Foz do Iguaçu e Bonito) muito legais. A única coisa que não gosto é fazer todos os passeios recomendados pelas agências. Aí prefiro dar meus pitacos. Mesmo assim, em um pacote, é superpossível fazer um monte de coisa sem toda a turma que está no mesmo hotel que você. E paga mais barato! Quer coisa melhor? Como as passagens e as diárias são um roubo no fim do ano, vou no que é certo. Pronto.

Ao ler esses comentários preconceituosos, vejo como ainda reina aquela mentalidadezinha provinciana: pacote é coisa de pobre, viajar no fim do ano idem, Baixada Santista é cafona etc., etc. A minha vivência na Europa me ensinou muito a respeito disso: qual o problema em viajar de pacote, fazer um Couchsurfing, acessar o Mitfahrgelegenheit (um site de caronas muito utilizado na Alemanha, é só esse de que consigo me lembrar no momento), fuçar nos sites das companhias aéreas low cost, ficar na casa do amigo do amigo da prima do vizinho (já fiz muito esquema assim e deu muito certo), ir a pé, sei lá, tanto faz. O que importa é viajar. Experienciar, viver, simplesmente. Status de ser um "viajante descolado" é tão porre e démodé...

Ainda não fechamos nosso pacote (rá!), e caso não tenha mais lugar em Arraial d'Ajuda, ficamos em Porto Seguro, oras, mesmo com uma pontinha de receio da horda de adolescentes, do axé e da lambaeróbica. Mas dá pra conhecer Arraial, Trancoso e toda o sossego da região onde o Brasil foi descoberto. Esse é o barato. Afinal, quando as férias são mais que aguardadas, o mínimo vira o máximo.

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