terça-feira, 7 de outubro de 2014

Dos dilemas da vida

Todos nós nos deparamos com os dilemas ao longo da vida. Maiores ou menores, mas são os eternos dilemas. Os meus dilemas mais críticos do momento são: mudo ou não de profissão? Troco de emprego ou não? Eles são angustiantes, mas...

... existe outro dilema que venho ruminando há algum tempo [OK, ruminar é um verbo um tanto feio, mas é o que veio agora] e voltou forte hoje, mais precisamente no momento pós-almoço: engravido ou faço um doutorado?

Para quem é do meio acadêmico, é sabido que uma tese não deixa de ser uma gestação. De quatro anos, mas é uma gestação. Uma gestação simbólica, metafórica. E a gestação "literal" todos nós sabemos qual é. Para mim, esses são dois dilemas cruciais do momento. No entanto, antes de resolvê-los, preciso resolver um anterior e não menos urgente: a depressão.

Tem gente que lê isso aqui que já sabe e tem gente que está sabendo disso agora. Sim, eu estou deprimida e não nego - pelo contrário. Acredito que uma das formas mais eficazes de combater essa doença é assumindo que a possui. Tenho a plena convicção de que diversos fatores relacionados a criação, estilo de vida, crenças, experiências e, claro, à organicidade. Eu sempre tive consciência de que algo estava errado, desde muito tempo. Mas, nos últimos tempos, eu vinha somatizando tudo, em qualquer lugar (metrô, casa, lugares públicos, trabalho): taquicardias, quedas bruscas de pressão, crises de labirintite, tremedeiras, dentre outros sintomas. Achava que era "somente" estresse. Aí é que me enganei. Procurei ajuda psicológica e, há alguns meses, venho fazendo terapia. Mas, ainda assim, não foi o suficiente: a minha terapeuta me recomendou procurar um psiquiatra. Eu gelei. Veio aquele preconceito besta na hora: psiquiatra é médico para quem é bipolar, esquizofrênico ou com depressão severa. Imagine, eu não preciso, só a terapia basta. Basta mesmo? Eu vi que, neste momento, não. Fui ao psiquiatra. Confesso que não curti muito, mas acredito que não deva ser lá muito agradável mesmo para qualquer um. Quando o médico me receitou um antidepressivo (leve, mas antidepressivo), gelei de novo. Novamente veio aquela enxurrada de pensamentos preconceituosos do tipo "vai ficar viciada", "não vai ter mais libido", "vai ficar chapada, lesada" etc. No dia seguinte, entrei em contato com amigas que estão passando pelo mesmo problema que eu e com uma amiga muito querida que manja demais de fármacos. Não tem jeito: eu vou tentar o medicamento. Ainda não comprei o remédio, mas vou fazer isso logo. Como não tenho forças para nada no momento, pode ser que o remédio me ajude (por pouco tempo, de preferência). Não tenho forças para agir, mas ainda tenho disposição de pensar coisas como as que mencionei no começo.

Estou me deparando com um importante dilema, contudo, antes de encará-lo, eu preciso de saúde mental em primeiro lugar.

2 comentários:

  1. É isso aí, amiga!
    O negócio é enfrentar esse percalço e cuidar de si antes de tomar qualquer decisão. Os principais passos você já deu e está sempre atenta, e interessada em se conhecer melhor, assim, é muito difícil dar errado.
    Estamos juntas na luta contra esse problema que acomete cada vez mais pessoas no mundo todo. :)
    Adorei o texto. Beijãooo

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  2. O negócio é encarar como um desafio mesmo, não fugir da raia. Nem todos têm a coragem de se conhecer, pois, em certos momentos, é assustador.
    É isso aí. E estamos juntas!
    Beijo!

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