terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Ser marqueteira de mim mesma

De uns tempos pra cá, venho tendo surpresas em relação a certas escolhas e atitudes que estou tomando.
Uma delas é tentar aprender a contar até 100 quando ouço alguma escrotice, principalmente de quem tenho certa aversão. Juro que está sendo muito difícil.
O que está sendo menos difícil, porém, é a quebra de preconceitos em relação a certas áreas de estudo e (por que não?) de comportamento. Por incrível que pareça, no final do ano passado, resolvi novamente me matricular num curso de férias – o qual a empresa em que trabalho custeia. Desta vez, nada (aparentemente) muito voltado à minha área, pois não tinha muita opção, por isso, procurei algo relacionado à oratória, apresentação em público, até porque terei uma dissertação a ser defendida daqui a dois anos. Nada. Todas as vagas para os funcionários tinham sido preenchidas. E agora? O que me restou foi um curso chamado "Marketing Pessoal - Valorizando sua Marca Pessoal", para o qual me matriculei um tanto receosa, mas sentindo que, talvez, aquilo pudesse agregar alguma coisa à minha pessoa. Sempre tive uma certa aversão a tudo que é relacionado a dinâmicas em grupo, ouvir frases feitas do tipo "Qual é o seu maior defeito? E qual é a sua maior qualidade?" (bem criativas, não?) e ser toda sorrisos sem querer ser. Portanto, fui com os dois pés atrás ao curso, achando que iria encontrar executivos intragáveis, marqueteiros semiendeusados, pessoas da área de RH e comercial com fisionomias bem falsas, entre outras caras. De cara, além de mim, revisora de textos, havia médico, engenheiro, estudante de economia. Fantástico.
Encontrei um ambiente bem diferente. Os dois ministrantes, de um acolhimento fora de série, fizeram com que todos se sentissem à vontade; inclusive eu, a mais "estranha" dentre os participantes em suas diversas áreas. Estranha por não pertencer a qualquer uma das áreas mencionadas no parágrafo anterior - o que é comumente visto em cursos desse tipo e na instituição onde foi realizado -, contudo, aprendi a utilizar minha "estranhice" ao meu favor. Porque não é todo mundo que conhece o que faço, e todo mundo que conhece o que faço normalmente não associa a minha profissão ao mundo do marketing pessoal e subgêneros. Mas é por esse viés que percebi o quanto é importante conhecer ferramentas desse naipe para valorizar tanto meu lado profissional quanto o pessoal! Que o mercado em que estou é extremamente cheio de gente competente que está sem trabalhos (freelas ou fixos), mas, ao mesmo tempo, de gente nem tão competente assim que está atolado de trabalhos e, mesmo assim, reclamando (OK, temos isso em todas as áreas, mas na editorial e  jornalística isso parece ser gritante), ou não, pelo contrário, fica se gabando.
Na semana passada, conheci pessoas ótimas, de grande receptividade e prontas a estabelecer contato. Conheci gente com muitos adjetivos, e como é bom aprender a perceber isso nos outros. Porque vendo os outros, você também se reconhece. Sei que é meio clichê, mas eu tinha pouquíssima noção disso. E a maior surpresa é saber o que você transmite para o outro. Mais fantástico ainda! Eu sempre tive muita vergonha de ser elogiada (ainda mais em público) e nunca quis botar muita fé em qualidades que me enaltecem. Durante o curso, certas características foram reafirmadas e soube de outras, para minha surpresa. Dentre elas, a de que sou simpática. Eu nunca fui exemplo de simpatia, pelo contrário: sou mal-humorada pela manhã, sou rude com quem não gosto, faço cara feia sem pestanejar, xingo e dou cotoveladas em gente folgada no metrô, sou angustiada com gente burra, enfim, como eu transmito algum tipo de simpatia? Sou como aqueles animais (acho que cobras, lagartos, jacarés) que mudam a temperatura da pele conforme o ambiente: modulo meu humor, simpatia e animação conforme o ambiente em que estou. Talvez seja por isso que fui considerada uma pessoa simpática pelos colegas. Mas diante do acolhimento, quem não seria?
Quebrados os preconceitos, é hora de investir em mim mesma além de cursos, palestras e tecnicismos. É hora de valorizar o que tenho de melhor, sem empinar o nariz. Sei que tenho muita competência naquilo que faço. É fato que o "bendito" mercado é injusto, mas, aos poucos, vou alcançando as minhas metas. É tempo de se afagar, não de chicotear. Sei que, com a ajuda dessas ferramentas, além dos saberes técnicos, serei agraciada - e em breve!

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