quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Bonitas impressões

Na última postagem, relatei meu desapego a toda aquela palhaçada que rola no mês de dezembro. Porém, fechei o mês da palhaçada (e o ano) com chave de ouro.
Desde agosto do ano passado, eu e o Schatz estávamos planejando a viagem de final de ano, como já está se tornando hábito nossas fugas da palhaçada. A princípio, queríamos ir para a Chapada Diamantina, mas não havia saída para a semana do Natal; a outra opção, Chapada dos Veadeiros, também não (vai entender); nos restava Buenos Aires - a qual recebe hordas de brasileiros nesse período, segundo nos disseram - ou Bonito - que havíamos pensado remotamente na possibilidade. Na comparação entre os dois destinos, o pacote para Bonito sairia relativamente mais em conta em relação a Buenos Aires, para ficarmos uma semana, ao invés de cinco dias na capital portenha. 
O dia da viagem se aproximava e estávamos bastante ansiosos, mas sem muita noção do que nos esperava pelas terras sul-mato-grossenses. Dia de embarque, a primeira surpresa: a companhia aérea que nos levou direto para Bonito é de uma pontualidade, limpeza e bom atendimento, dignos de aproximação com as boas companhias mundiais (diga-se Lufthansa). Chegando ao aeroporto, inaugurado em 2010, o calor escaldante nos recepcionava. É impressionante o fato de não suportar o calor que faz aqui em SP, mas o calor de outros lugares é perfeitamente aceitável (e mais saudável, talvez). O pessoal do receptivo nos esperava e nos encaminhou ao hotel: simples, porém bem equipado, com ótimo atendimento, e com um café da manhã maravilhoso! Logo no primeiro dia (ou melhor, tarde) na cidade, fomos à Praia da Figueira - uma praia  artificial formada pelo represamento das águas de uma antiga pedreira. O espaço aquático é pequeno, mas impressionantemente abarrotado de peixes (inseridos pelo homem) que ficam nadando ao nosso redor. Algo um tanto diferente para nós, que só vemos peixes na internet, em aquários e olhe lá.
No segundo dia pela manhã (BEM cedo, diga-se de passagem), seguimos em direção ao nosso primeiro passeio de verdade: a Gruta do Lago Azul. Que lugar magnífico! A famosa gruta possui aquelas formações geológicas esquisitíssimas e belas, como as estalactites; e o tal "lago azul" é uma ilusão de ótica, segundo o guia que nos acompanhou, de uma noção sobre o local absurda! Eu fiquei embasbacada - é muito mais do que se vê nas fotos de revistas e sites. Fiquei meio apreensiva no começo da caminhada, porque o lugar é bastante declinado (óbvio, é uma gruta!) e bem lodoso - o que muito favorecia uma derrapada daquelas. Mas, no final, deu tudo certo: saí ilesa do primeiro desafio.
O segundo desafio foi no mesmo dia, na parte da tarde: a flutuação no rio Sucuri. O nome já diz algo. Além do formato do rio possuir o do da temida, em certos momentos do ano ela pode dar o ar de sua graça. Sorte a nossa que fomos no verão, pois ela gosta de dar suas rastejadinhas no inverno. Fomos recepcionados com um farto e ótimo almoço (o que é de praxe em todas as fazendas nas quais são realizados esses passeios). [Antes que me esqueça: lá provei a tal "sopa paraguaia", que de sopa não tem nada! Na verdade é uma espécie de bolo de milho salgado, muito bom.] Em seguida, vestimos nossos apetrechos de mergulhadores e rumamos ao local da nossa preparação para o trajeto. Eu estava bastante empolgada em realizar a flutuação, porém me bateu um pânico quando coloquei a máscara e meu nariz foi tampado! Mesmo com o auxílio do guia, não conseguia fazer a respiração corretamente (Para quem não respira do jeito certo, isso foi uma constatação óbvia). Logo, ele não deixou eu nadar com os demais e fui no barquinho de apoio. Um tanto frustrante, mas contente em ver tanta beleza junta.
No terceiro dia, outro lugar que gostei bastante: as Grutas de São Miguel. Ao contrário da Gruta do Lago Azul, a de São Miguel é seca, com muito mais formações esquisitas e com muito mais fauna daquele habitat; inclusive vimos um pequenino morceguinho. Pena não termos visto a famosa coruja albina! Cada foto maluca que tiramos, devido àqueles paredões cheios de estalactites, estalagmites, espeleotemas e todos aqueles nomes estranhos. Depois de dois dias seguidos visitando grutas, cheguei à conclusão de que gosto desse tipo de aventura. 
Naquele dia tivemos a tarde livre, logo, fomos ao centrinho de Bonito e fazer o turismo clássico (comer, caminhar, comprar, caminhar de novo...). Come-se bem e por preço justo - inédito para lugares que vivem do turismo aqui no Brasil. Uma das grandes descobertas gastronômicas dessa semana: JACARÉ! Sim, apesar de não ser do local (pertence à região do Pantanal), a carne de jacaré é muito apreciada e foi consagrada pelos turistas, inclusive eu. Para comprar, existem diversas lojinhas de artesanato local, com muito artigo indígena (verdadeiramente indígena, não aquelas coisas horrendas que vemos nas feirinhas daqui e com preços absurdos), a preços variados. Achamos uma graciosa loja com objetos benfeitos e de bom gosto a ótimos preços - voltamos umas três por lá. E o que falar da simpatia e da cordialidade dos moradores da cidade? Claro que todo morador de cidade turística tem a obrigação de tratar bem o visitante, mas lá percebi que o tratamento que eles dispensam ao turista é verdadeiro, sem frescuras e bajulações.
A cidade é tão pequena que dá para fazer as coisas a pé ou de bicicleta. A diária de uma é uma marmota de R$ 15,00 e bicicletas em bom estado de conservação são levadas e retiradas onde você está. Alugamos duas e demos nossas voltas pela cidade, onde pode-se deixar a magrela em qualquer lugar e, quando voltar, ela estará lá, intacta. É um lugar em que as portas não são trancadas e as chaves dos carros são deixadas nos contatos. Para quem vive na neurose de metrópole, é um choque e tanto. Outra coisa que funciona por lá é o respeito ao pedestre: é só pisar na faixa que o carro dá a passagem - algo inacreditável por aqui. O engraçado é que os turistas que andam de carro por lá e que não convivem com essa regra a respeitam tanto quanto os habitantes da cidade. Em frente ao hotel onde ficamos hospedados há uma pista de cooper e uma ciclovia, locais onde pode-se ver um lindo pôr do sol. 
No outro dia, também muito cedo, fomos ao passeio de bote no rio Formoso, um dos rios que corta Bonito. Um grupo de umas 8 pessoas vai em um bote com remos, e o intuito é passar por pequenas quedas d'água e fazer "guerrinha" de jogar baldes de água nos outros grupos "rivais". É bem hilário e um baita exercício, já que remar é uma série de musculação daquelas! A paisagem por lá também é de tirar o fôlego.
Vale ressaltar que tais passeios não são lá coisa barata. Muitos deles são mais de R$ 100, com transporte, almoço e ingresso inclusos. Mas é tudo tão organizado, limpo, a atenção dos guias é muito boa, o respeito ao meio ambiente é tamanho que paga-se por tudo aquilo sem reclamar. Sério.
Ficamos dois dias folgados pela cidade, já que não podíamos pagar por todos os passeios oferecidos. Uma pena. Mas valeu por conhecermos melhor o local de bike, o que e onde comer, bater papo com moradores. 
Nosso último e melhor de todos os passeios foi a flutuação pelo rio da Prata (que acredito que não seja o mesmo de Argentina e Uruguai). É a mesma coisa que no rio Sucuri, porém numa extensão maior e com uma variedade infinita de animais aquáticos, dando a impressão de que estamos nadando num imenso aquário. Dessa vez eu consegui flutuar com a ajuda de nosso superguia Jairo, que, com toda a paciência me conduziu pelo trajeto que fizemos. O que falar daquilo? Cardumes enormes de dourados, pacus, piraputangas, entre outros, circulavam ao nosso redor, bem pertinho de nossos corpos. A água cristalina e calma.... Até um jacaré vimos na beira do rio. Ainda bem que ele não resolveu flutuar conosco. Flutuar. É exatamente esta a sensação. A impressão que se tem é de que incursionamos num outro mundo (o que não deixa de ser). É aquele tipo de passeio que o Guia Quatro Rodas deu cinco estrelas, sabe? E com toda razão.
A conclusão é de que fechei o ano com chave de ouro e que essa viagem me deu fôlego para começar 2012 com frescor e vitalidade.
Na próxima postagem, colocarei algumas imagens para se ter uma ideia do que foi aquela experiência!

Um comentário:

  1. Curti,aliás,curti demais! Belíssimo lugar! É tudo verdade e assino embaixo.

    ResponderExcluir