sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Lições de hierarquia

Durante esta semana, li em uma dessas muitas redes sociais o comentário de que uma pessoa só sabia trabalhar bem com gente de "alto nível hierárquico". Algo assim.
Achei bem infeliz, babaca e preconceituoso esse comentário. Quer dizer que, só porque o (a) cidadão (ã) está numa posição um pouco mais elevada e, teoricamente, tem um nível de instrução maior é sinal de que é bom trabalhar com ela? Não mesmo. Para mim, isso é sinal típico de sujeito que adora se esconder à sombra dos outros; alguém que não tem opinião e fazendo parte do "círculo" do outro mais elevado hierarquicamente é que ele se sente mais "acolhido". Típico de arrogantes e medíocres, que reconhecem o valor de uma pessoa no que ela tem (ou no que ela diz ter), e não no que ela é. Digo no que ela é no mundo do trabalho, no mundo dos estudos, no mundo mais "racional", e não nas relações interpessoais. Acredito que cada um, independentemente do posto que ocupa, tem o seu valor e pode agregar suas habilidades, ainda que pessoas de valor e humildes estejam em extinção por aqui...
Convivo com esse tipo de situação diariamente, vendo indivíduos que não agregam em nada gabando-se de "seus" feitos, por conviverem com os mais graduados da escala hierárquica acadêmico-trabalhista-seja lá qual for. E mesmo sujeitos com alto nível hierárquico acadêmico-trabalhista ocupando lugares que deveriam ser de outros. É, pelo jeito ainda é válida aquela lei de que "puxar o saco" é bom, assim como humilhar seus semelhantes.
E por falar em mediocridade, por que as pessoas ainda se assustam quando você diz que já passou um tempo trabalhando e estudando fora do país e que está fazendo uma pesquisa de mestrado/doutorado? Engraçado, o tal do mercado de trabalho exige mundos e fundos dos que nele adentram, mas ao mesmo tempo se assusta (e, muitas vezes, recusa) pessoas com esse tipo de qualificação. Por quê?  Por que a imensa maioria das empresas torcem o nariz quando algum candidato ou funcionário faz (ou quer fazer) pós strictu sensu: por que sabe que esse indivíduo pode tomar um posto importante? Porque ele tem o senso crítico mais apurado que a imensa maioria? Porque ele, de alguma forma, vê a sociedade como um todo e não somente como nicho de mercado? Porque ele não é otário? Por que, ao invés de ter medo, não valoriza esse tipo de talento? Por que "gongar" o indivíduo se não pode agregá-lo? Sei que são perguntas retóricas, mas, às vezes, elas são necessárias.
E voltando ao comentário, lidar com gente de nível hierárquico superior pode até ser bom, contudo isso não é garantia de aprendizado para ninguém. Vale mais uma lição de humildade a noção de arrogância e prepotência tripudiante.

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