segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Rascunhos parte 1 - Europa em polvorosa

Começo pra valer por aqui postando alguns dos textos que produzi num curso de escrita criativa que fiz, semana passada, na ESPM. Valeu tanto a pena ter feito que, por isso, resolvi criar este Fustigo. E segue o primeiro texto, um artigo de opinião.

O Velho Mundo está agitado como há muito não se via, e não por bons motivos.
Em recente viagem à bela Munique, na Alemanha, estive em meio ao caos devido ao pânico criado pela mídia local acerca das 36 mortes (quase todas no norte daquele país) em decorrência da bactéria Eschereria coli, mais conhecida por lá como EHEC. Tanto barulho por pouco, ou melhor, por um broto de feijão mal higienizado. Na verdade, as pessoas morreram como na Idade Média, quando qualquer noção de higiene sequer existia. Os alemães chegaram ao ponto de causar mal-estar diplomático com os espanhóis - cujos pepinos e tomates, segundo eles, estavam contaminados com a tal bactéria. Até os russos entraram na discussão! E quando a Rússia entra na conversa, aí, o caso complica ainda mais.
Em meio às mortes pela bactéria, a crise econômica na Grécia explodia. Não havia arte retórica e poética que salvassem os gregos. Só a cúpula da União Europeia, cuja liderança é nitidamente alemã. A chanceler Angela Merkel e seus coleguinhas deram possíveis soluções à questão, claro, porque senão haveria uma invasão helênica em seus territórios - o que não querem, obviamente.
Li recentemente uma entrevista com uma escritora argentina (cujo nome esqueci, mas lembro que ela ficou sendo conhecida como a "musa"), que esteve recentemente na Flip, e moça dizia que não suporta a chanceler alemã porque ela está realizando o sonho de Hitler: dominar a Europa. Achei bem infeliz a colocação. Na real, a mulher está "segurando as pontas" de um continente que está em crise financeira desde 2008 e que ainda não se recuperou. São Grécia, Irlanda, Portugal, e, entrando na dança, Espanha e Itália, possivelmente. Penso que deve ser muito complicado para essa mulher, que tem como vizinhos, um primeiro-ministro que se intitulou "viking" e que fechou sua única fronteira com o continente (justamente com a Alemanha); outro que só pensa na gravidez de sua groupie de rock stars e quer proibir o uso da burca em suas terras; países pequenos, que não contribuem em nada; e, perto dali, um fanfarrão milanês.
Diante da crise socioeconômica, assisto estupefata a decadência de um continente, sobretudo no que diz respeito a atitudes extremistas e xenófobas, como no caso recente do atirador em série da Noruega, país que, até então, eu só ouvia falar através dos mitos nórdicos e das famigeradas bandas de black metal! Como no caso dos protestos e guerras nos países da África do Norte, cujos refugiados tentam desesperadamente chegar a qualquer lugar da Europa, mas que morrem ou são expatriados pelo medo daqueles que não querem mais estrangeiros (além de tudo, pobres) em suas terras. A já mencionada proibição da burca na França e a crise diplomática entre Brasil e Espanha dois anos atrás.
Esta é uma tendência que não passará tão cedo, pois a crise ainda perdura e as mentalidades absurdas que emergem desta ainda trarão muitas más notícias para o mundo todo. Aguardemos.

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