quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Raiva da minha cidade

Eu tenho uma relação de amor e ódio com São Paulo. Como todo mundo que mora por aqui. A minha relação é mais de ódio que de amor. Ódio é um tanto exagerado; prefiro dizer que tenho raiva dessa cidade.
Esta semana recebo a visita de uma grande amiga do sul que conheci na Alemanha. Ela nunca veio à cidade e está louca para conhecer os pontos de que tanto se fala, claro. Como ela irá passar somente o final de semana, escolhi o roteiro mais básico para conhecer alguns pontos, como a região central e da avenida Paulista. Até aí, tudo certo.
A minha revolta começa quando penso na chegada dela à cidade. Para começar, não existe acesso decente ao aeroporto de Congonhas. Só de carro ou de táxi. Transporte público? Só "busão", que passa a quarteirões de lá. A solução é o táxi. Por sorte, moro perto do sobe e desce de aviões. E quem precisa ir para a região central ou Paulista, paga uma fortuna por um serviço que nem sempre é idôneo. Não vamos generalizar, claro. Uma cidade da imensidão de São Paulo tem um vergonhoso sistema de transporte público, o qual me faz ter vergonha alheia, principalmente a cidades "minúsculas" (perto daqui) como Bogotá e Buenos Aires. Ainda bem que moro perto de uma linha do metrô, que dá acesso aos locais onde pretendo levar minha amiga para conhecer.
Outra coisa que me revolta com a cidade é o descaso que ela recebe do poder público há um bom tempo. A cidade, que já não é bonita, está ficando cada vez mais feia. Apesar da Lei Cidade Limpa, a sujeira nas ruas é escancarada e, em alguns lugares, como perto de casa, os cartazes de "pancadão" e "pagode na vila X" são colados a exaustão. E para piorar a situação, um lixão se formou praticamente na esquina da avenida com a rua onde moro. Não é para matar de vergonha cada vez que uma visita vem à minha casa??? Um lixão se formou dentro de um terreno abandonado e, não o suficiente, o lixo é largado na calçada da avenida, nas proximidades do ponto de ônibus. Além do "condomínio" que está se formando lá dentro, com suposta venda de coisas ilícitas e crianças ranhentas brincando em meio ao chorume. E, detalhe: no final do ano, provavelmente, receberei a visita de outra amiga com seu namorado alemão. Aí a vergonha se eleva a níveis estratosféricos!
Muitas vezes penso que São Paulo merece estar do jeito que está devido aos habitantes (não só os que aqui governam) que têm. Está cada vez mais insustentável morar aqui. A cidade já está parada há anos, mas ninguém abre mão do seu carrinho para ir à padaria da esquina. O transporte público, se não fosse o metrô, seria o caos completo. Mas só o metrô não dá conta da demanda. Mesmo a demanda sendo enorme, a falta de educação e consciência de quem mora aqui é gritante. O que custa esperar o próximo trem para embarcar? Claro que custa! Meu emprego, meu curso, minha faculdade, meu compromisso...
Só digo uma coisa: Ai que vergonha, quando chegar a sexta-feira!

Nenhum comentário:

Postar um comentário